Política
Presidenciais 2026
"Também há divergências". Europeísmo é ponto de fricção entre Catarina Martins e Jorge Pinto
Frente-a-frente na RTP, Catarina Martins e Jorge Pinto mediram forças, sem grande aspereza, em matéria europeia. A candidata apoiada pelo BE argumentou que a sua "experiência" a "criar pontes" pode ajudar a partir de Belém. O interlocutor apoiado pelo Livre lembrou que o partido da adversária chegou a dar o projeto europeu por "condenado".
Catarina Martins e Jorge Pinto protagonizaram o debate da noite deste domingo na RTP. O frente-a-frente arrancou com alguma fricção no capítulo do papel de Portugal na União Europeia. Enquanto o candidato apoiado pelo Livre procurou demarcar-se da adversária apresentando-se como “europeísta crítico, mas convicto”, a antiga coordenadora do Bloco de Esquerda sustentou que ainda “é preciso escolher a Europa que queremos”.
Questionada, no início do debate sobre “diferenças de relevo” entre a sua candidatura e a de Jorge Pinto, Catarina Martins afirmou preferir falar das suas ideias para Belém. A candidata bloquista volto à carga com o retrato de “um momento que temos um Governo com uma inclinação” para cooperar com a extrema-direita. Ou seja, o Chega.
“É importante ter uma presidente da República que ajude a equilibrar”, acentuou. “Acho que tenho o conhecimento do país. Estive envolvida em políticas públicas, tenho experiência em criar pontos. Num momento em que há tantos bloqueios, a minha experiência pode ajudar”, advogou a candidata presidencial.
“Há muitos pontos de convergência, até mais do que de divergência. Há sempre pontos de convergência quando estamos com candidatos de esquerda. Também há divergências”, redarguiu, por sua vez, Jorge Pinto, para introduzir, então, o tema do europeísmo.
“No caso concreto, há uma divergência que não sei se é de fundo, que diz respeito ao papel de Portugal nas instituições europeias. Sou um europeísta crítico, mas convicto. Acredito que o futuro português passa pelo projeto europeu”, propugnou, propondo-se assumir a “defesa dos Direitos Humanos, de um projeto de paz e da transição ecológica”.
“Eu sei que a Catarina Martins dizia que o projeto europeu era um projeto condenado, espero que não seja”, atirou o candidato, para afirmar, em seguida, que os presidentes russo e norte-americano, Vladimir Putin e Donald Trump, parecem apostados em pôr termo ao projeto europeu. Constituindo assim uma “ameaça ao que conseguimos construir nos últimos 50 anos”.
“Vozes divergentes”
Na réplica, Catarina Martins defendeu que o projeto europeu “vai sendo definido por vozes divergentes: “É uma disputa política como todas, democrática. Não somos espetadores, somos construtores da União Europeia”.
“É por exemplo prevermos a possibilidade de referendos sobre matérias europeias e em Portugal nunca o termos feito”, notou, insistindo que “a participação deve ser ativa, deve ser democrática, e que “é preciso construir a Europa, para além de falar, escolher a Europa que queremos”.
Adiante, prometeu ser uma presidente da República que se defenderá "direitos europeus como a Segurança Social", opondo-se “a qualquer projeto que ponha em causa as pensões em Portugal”.A farpa foi dirigida à comissária europeia Maria Luís Albuquerque, que defende que os trabalhadores europeus descontem para fundos de pensões privados.
“Aquilo que é concreto, aquilo que a Catarina propunha na sequência do Brexit era um referendo à presença portuguesa na União Europeia. Não estou certo de que esse seja o caminho a seguir. Percebemos o imenso custo que o Brexit teve para a população [britânica]”, retorquiu Jorge Pinto.
Manifestando também oposição à via defendida pela antiga ministra das Finanças, agora comissária, o candidato lembrou que não desistiu “quando tínhamos Pedro Passos Coelho à frente do país”.
“Eu não vou desistir da União Europeia. O que é errado é a esquerda desistir de lutar pelo projeto europeu, porque é sempre um jogo de forças”, reiterou.
“Distanciei-me sempre dos movimentos do Brexit”, evocaria Catarina Martins, acrescentando: “Propus que houvesse um referendo sobre o tratado orçamental, quando nos queriam impor sanções e não as impunham a França”.
“Os líderes autoritários também estão sentados no Conselho Europeu, Viktor Obán está lá, Meloni está lá. Quando entregamos à guarda costeira da líbia a forma como lidamos com os movimentos miogratórios, isto também é União Europeia. O que eu compreendo é o conflito de todas as ideias que há na União Europeia. Eu coloco-me naquelas que acho importantes. Eu defendo os Direitos Humanos”, vincou.
Comunidade de defesa
“O concreto”, prosseguiu Jorge Pinto, “é pormos em cima da mesa uma comunidade europeia de defesa”.
“Está a Catarina Martins confortável com isto? Eu estou. O Bloco de Esquerda não”, lançou. “Nós não precisamos de gastar mais, precisamos de gastar melhor e isso consegue-se aprofundando esta cooperação europeia”.
Questionada, no início do debate sobre “diferenças de relevo” entre a sua candidatura e a de Jorge Pinto, Catarina Martins afirmou preferir falar das suas ideias para Belém. A candidata bloquista volto à carga com o retrato de “um momento que temos um Governo com uma inclinação” para cooperar com a extrema-direita. Ou seja, o Chega.
“É importante ter uma presidente da República que ajude a equilibrar”, acentuou. “Acho que tenho o conhecimento do país. Estive envolvida em políticas públicas, tenho experiência em criar pontos. Num momento em que há tantos bloqueios, a minha experiência pode ajudar”, advogou a candidata presidencial.
“Há muitos pontos de convergência, até mais do que de divergência. Há sempre pontos de convergência quando estamos com candidatos de esquerda. Também há divergências”, redarguiu, por sua vez, Jorge Pinto, para introduzir, então, o tema do europeísmo.
“No caso concreto, há uma divergência que não sei se é de fundo, que diz respeito ao papel de Portugal nas instituições europeias. Sou um europeísta crítico, mas convicto. Acredito que o futuro português passa pelo projeto europeu”, propugnou, propondo-se assumir a “defesa dos Direitos Humanos, de um projeto de paz e da transição ecológica”.
“Eu sei que a Catarina Martins dizia que o projeto europeu era um projeto condenado, espero que não seja”, atirou o candidato, para afirmar, em seguida, que os presidentes russo e norte-americano, Vladimir Putin e Donald Trump, parecem apostados em pôr termo ao projeto europeu. Constituindo assim uma “ameaça ao que conseguimos construir nos últimos 50 anos”.
“Vozes divergentes”
Na réplica, Catarina Martins defendeu que o projeto europeu “vai sendo definido por vozes divergentes: “É uma disputa política como todas, democrática. Não somos espetadores, somos construtores da União Europeia”.
“É por exemplo prevermos a possibilidade de referendos sobre matérias europeias e em Portugal nunca o termos feito”, notou, insistindo que “a participação deve ser ativa, deve ser democrática, e que “é preciso construir a Europa, para além de falar, escolher a Europa que queremos”.
Adiante, prometeu ser uma presidente da República que se defenderá "direitos europeus como a Segurança Social", opondo-se “a qualquer projeto que ponha em causa as pensões em Portugal”.A farpa foi dirigida à comissária europeia Maria Luís Albuquerque, que defende que os trabalhadores europeus descontem para fundos de pensões privados.
“Aquilo que é concreto, aquilo que a Catarina propunha na sequência do Brexit era um referendo à presença portuguesa na União Europeia. Não estou certo de que esse seja o caminho a seguir. Percebemos o imenso custo que o Brexit teve para a população [britânica]”, retorquiu Jorge Pinto.
Manifestando também oposição à via defendida pela antiga ministra das Finanças, agora comissária, o candidato lembrou que não desistiu “quando tínhamos Pedro Passos Coelho à frente do país”.
“Eu não vou desistir da União Europeia. O que é errado é a esquerda desistir de lutar pelo projeto europeu, porque é sempre um jogo de forças”, reiterou.
“Distanciei-me sempre dos movimentos do Brexit”, evocaria Catarina Martins, acrescentando: “Propus que houvesse um referendo sobre o tratado orçamental, quando nos queriam impor sanções e não as impunham a França”.
“Os líderes autoritários também estão sentados no Conselho Europeu, Viktor Obán está lá, Meloni está lá. Quando entregamos à guarda costeira da líbia a forma como lidamos com os movimentos miogratórios, isto também é União Europeia. O que eu compreendo é o conflito de todas as ideias que há na União Europeia. Eu coloco-me naquelas que acho importantes. Eu defendo os Direitos Humanos”, vincou.
Comunidade de defesa
“O concreto”, prosseguiu Jorge Pinto, “é pormos em cima da mesa uma comunidade europeia de defesa”.
“Está a Catarina Martins confortável com isto? Eu estou. O Bloco de Esquerda não”, lançou. “Nós não precisamos de gastar mais, precisamos de gastar melhor e isso consegue-se aprofundando esta cooperação europeia”.
“Devo dizer que tenho proposto que haja uma capacidade de cooperação na Europa, que tenha autonomia em relação aos Estados Unidos. Devemos falar com a Europa e não só com os países da União Europeia”, contrapôs Catarina Martins.
“É difícil saber o que António José Seguro pensa”
Jorge Pinto reitera que “é um perigo termos os ovos todos no mesmo cesto” e que seria “mau termos um presidente da República também à direita”.
O candidato apoiado pelo Livre destaca que o presidente da República “vai ser o bombeiro do sistema, a última linha de defesa do sistema”, salientando que “nada nos garante que não haja uma ameaça séria à nossa república”. Debate na RTP entre Catarina Martins e Jorge Pinto
Questionado sobre se admite desistir a favor de António José Seguro – o único candidato de esquerda que as sondagens colocam numa segunda volta das presidenciais – Jorge Pinto salientou que as sondagens “dizem que há muita gente indecisa”
O deputado do Livre acrescenta que “a principal razão para votar em alguém não pode ser quem está melhor nas sondagens” e defende que se vote em alguém que tenha “firmeza e coragem”.
Em resposta à mesma questão, Catrina Martins afirma que “é difícil saber o que António José Seguro pensa” e diz ver “uma grande proximidade entre Marques Mendes e António José Seguro”.
“Há muitas vezes o discurso de que se escolhermos o mal menor trava o mal maior. Mas a escolha do mal menor só tem feito com que o mal maior cresça”, observou a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda.
Jorge Pinto destaca que quem passar à segunda volta deverá ter “a consciência descansada de que fará um bom serviço aos portugueses”. Confrontado com as declarações de Manuel Alegre, que esta semana criticou partidos à esquerda nas presidenciais, Jorge Pinto diz ter “respeito” pelo socialista, mas diz que se lembra de que Alegre já foi “vítima desse tipo de afirmações” e, por isso, discorda das suas declarações.
“Presente e mobilizador” e “contra o abandono”
Quanto ao perfil de cada um em Belém, Catarina Martins rejeita uma intervenção presidencial “no jogo partidário”, dando o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa, que tornou os Orçamentos de Estado em moções de censura. A eurodeputada diz que quer lançar “debates que não estão a ser lançados”.
Jorge Pinto, por sua vez, diz que quer ser um presidente “presente e mobilizador”. “Não quero ser a magistratura de influência mas da mobilização”, disse, defendendo a existência de “assembleias cidadãs” e que a primeira seria sobre a regionalização.
Questionados sobre as causas das suas candidaturas, Catarina Martins disse que “vivemos num país em que quem trabalha se sente abandonado”, acusando o Estado de falhar nos “serviços públicos fundamentais”.
A bloquista defende que um presidente da República, nos tempos atuais, “tem de ser contra o abandono do país e capaz de tornar uma democracia mais forte”.
“Estamos no tempo histórico para termos uma presidente da República que possa fazer este caminho”, asseverou.
Jorge Pinto, por sua vez, foi taxativo: “As minhas causas são cumprir a constituição”. O deputado do Livre promete uma “presidência constitucionalista que não deixa ninguém para trás” e um “modelo económico que coloque as pessoas no centro, que corrija as desigualdades de género”.
O candidato considera ainda que um presidente deve igualmente defender “um novo modelo para o país”, que tenha sempre em conta “o planeta e os mais fracos”.
Jorge Pinto reitera que “é um perigo termos os ovos todos no mesmo cesto” e que seria “mau termos um presidente da República também à direita”.
O candidato apoiado pelo Livre destaca que o presidente da República “vai ser o bombeiro do sistema, a última linha de defesa do sistema”, salientando que “nada nos garante que não haja uma ameaça séria à nossa república”. Debate na RTP entre Catarina Martins e Jorge Pinto
Questionado sobre se admite desistir a favor de António José Seguro – o único candidato de esquerda que as sondagens colocam numa segunda volta das presidenciais – Jorge Pinto salientou que as sondagens “dizem que há muita gente indecisa”
O deputado do Livre acrescenta que “a principal razão para votar em alguém não pode ser quem está melhor nas sondagens” e defende que se vote em alguém que tenha “firmeza e coragem”.
Em resposta à mesma questão, Catrina Martins afirma que “é difícil saber o que António José Seguro pensa” e diz ver “uma grande proximidade entre Marques Mendes e António José Seguro”.
“Há muitas vezes o discurso de que se escolhermos o mal menor trava o mal maior. Mas a escolha do mal menor só tem feito com que o mal maior cresça”, observou a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda.
Jorge Pinto destaca que quem passar à segunda volta deverá ter “a consciência descansada de que fará um bom serviço aos portugueses”. Confrontado com as declarações de Manuel Alegre, que esta semana criticou partidos à esquerda nas presidenciais, Jorge Pinto diz ter “respeito” pelo socialista, mas diz que se lembra de que Alegre já foi “vítima desse tipo de afirmações” e, por isso, discorda das suas declarações.
“Presente e mobilizador” e “contra o abandono”
Quanto ao perfil de cada um em Belém, Catarina Martins rejeita uma intervenção presidencial “no jogo partidário”, dando o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa, que tornou os Orçamentos de Estado em moções de censura. A eurodeputada diz que quer lançar “debates que não estão a ser lançados”.
Jorge Pinto, por sua vez, diz que quer ser um presidente “presente e mobilizador”. “Não quero ser a magistratura de influência mas da mobilização”, disse, defendendo a existência de “assembleias cidadãs” e que a primeira seria sobre a regionalização.
Questionados sobre as causas das suas candidaturas, Catarina Martins disse que “vivemos num país em que quem trabalha se sente abandonado”, acusando o Estado de falhar nos “serviços públicos fundamentais”.
A bloquista defende que um presidente da República, nos tempos atuais, “tem de ser contra o abandono do país e capaz de tornar uma democracia mais forte”.
“Estamos no tempo histórico para termos uma presidente da República que possa fazer este caminho”, asseverou.
Jorge Pinto, por sua vez, foi taxativo: “As minhas causas são cumprir a constituição”. O deputado do Livre promete uma “presidência constitucionalista que não deixa ninguém para trás” e um “modelo económico que coloque as pessoas no centro, que corrija as desigualdades de género”.
O candidato considera ainda que um presidente deve igualmente defender “um novo modelo para o país”, que tenha sempre em conta “o planeta e os mais fracos”.